quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Fiasco e caos

Já fui uma especialista em arte, uma drogada de favela, uma cantora de banda de rock e a mulher do tempo. Me dei mal todas as vezes. Ri demais. Tudo sentada na mesa da minha cozinha com meus amigos e colegas. Wagner, Fábio, Josué e Plederson.
O nome do jogo é Fiasco, e acho que podemos dizer que ele é um RPG fácil (para quem não sabe RPG é um jogo de interpretação em que um mestre narra uma aventura e os outros jogadores a vivenciam. A derrota ou vitória de cada situação do jogo são decididas nos dados) 

 Primeiramente, Fiasco não necessita de um mestre. Os jogadores jogam os dados e depois estabelecem – através de opções pré-estabelecidas – quais as relações entre os personagens. Na primeira vez que joguei eu era Ivana, especialista em artes, louca para colocar as mãos em uma Katana valiosa que pertencia ao meu advogado do divórcio (Wagner) que tinha sido colega de cela do meu irmão (Fábio). Os dois tinham por objetivo abrir um prostíbulo com meninas do leste europeu. Tudo isso em Londres.
O jogo se chama Fiasco por que na melhor das hipóteses, você sofre pouco. As situações do jogo são desenvolvidas pelos próprios jogadores, como único objetivo de introduzir no jogo elementos previamente escolhidos.
Os cenários são “prontos”. Da última vez jogamos com os cenários de uma emissora de TV; e uma turnê de rock.
Em Canal 6 eu era Sarah, uma mulher do tempo que tinha gravado com Tony(câmera man) um vídeo em que um cara morria por ser alérgico a amendoim (nossa cena estabelecia que alguém fosse alérgico). Além de tentar recuperar a fita que tinha se perdido, ela ainda tinha que lidar com as burradas de Rick, o repórter de amenidade da rede, que era seu colega de faculdade e filhinho de papai, pai esse que pagava Sarah para vigiar o filho. Enquanto eu precisava desesperadamente recuperar a fita, Rick só pensava em se dar bem em uma campanha publicitária de sapatos, coordenada por um velho gay e pervertido. Tony também tinha uma missão: encontrar um cineasta para quem pudesse mostrar seu vídeo de morte.
No desenvolver da história Tony trocou (sem querer) sua fita de morte pelo teste comercial de Rick, e a única pessoa que aparecia na fita – além do morto – era Sarah. O pai todo poderoso de Rick, Thomas, se apoderou da fita sem querer e resolveu resguardar Sarah, desde que ela continuasse cuidando do filho bobão. Rick conseguiu o teste e ficou famoso. Tony também conseguiu o que queria, virou cineasta, mas com o tempo começou ficar atormentado em conseguir o filme perfeito e se envolveu em perversões terríveis, como filmes snuff. Sarah acabou presa pela morte do homem alérgico a amendoins. Chamamos a situação de Peanut Case.
Não entendeu nada? Compreensível.
Fiasco é um jogo de liberdade e interpretação. Fazemos as vozes e trejeitos dos personagens, inventamos e atuamos nas cenas e no final, todo mundo se dá mal. O jogo tem curta duração (2 horas em média) e mais parece um filme, com flashback, cenas secretas, personagens não jogadores, etc.
Nosso segundo jogo foi desenvolvido por um brasileiro e batizado de Rio 40 graus. Escolhemos como cenário um morro e foi o jogo mais divertido de todos, talvez por que jogamos em quatro. Quanto mais, melhor. Minha personagem era Suzicleide (mas pode chamar de Cleidinha), uma drogada um tanto gorda que se achava gostosa e era realmente irritante. Minhas relações (sempre com os jogadores sentados à direita e à esquerda) eram com Zé do CD (Fabinho) de quem eu era sócia em uma barraca de muamba e com Juan (Plederson) um traficante muito gay que me fornecia droga. A personagem Tião Marreco (Wagner) era um ex presidiário que tinha sido amante de Juan. Esse ex presidiário conseguiu a proeza de ser solto da cadeia, chegar atrasado à entrevista de condicional, ser novamente preso e fugir da prisão com o Tatu e outros companheiros. Tudo isso em um único dia. Enquanto isso, Juan tinha seus ataques de fúria e vingança contra o mundo, principalmente depois que o primo Pablo morreu ao pular na frente de uma bala que era para Juan. O sofrimento de Juan foi intenso, enquanto ele assistia à Sex and the City com seu poodle rosa, Fifi.
Houve uma guerra de traficantes (com direito à granada), um baile funk e Cleidinha foi condenada a morte, jogada em um galinheiro e deveria ser morta à bicadas. Coisas imperdíveis nessa partida: nomes dos personagens não jogadores (Zé fumaça, Zé da esquina, etc...), a interpretação do Plederson e o sotaque do Fabinho. Um viva para a imaginação do Wagner, que fez um simples jogo de Fiasco virar um filme estilo Cidade de Deus. ( o áudio da partida está aqui, enjoy)
Quer jogar Fiasco? Vamos marcar um dia, no fim de semana.

2 comentários:

  1. Que louco esse jogo em, sem noção, um verdadeiro caos. Talvez essa seja a intenção ok. Toda esta liberdade que é dada aos jogadores possibilita uma diversidade de acontecimentos. E quando mais criativos forem os jogadores, mais inusitado e imprevisível se torna esse jogo. Parece interessante, apesar de eu estranhar o fato de que quase não há regras.

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  2. Fiquei muito tentado em participar desse jogo!
    Quando vai ser a próxima rodada?
    Quero participar!

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