terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ah, os livros...

Amo os livros. Já disse várias vezes que foram as histórias e os livros que me fizeram quem eu sou, para a sorte de uns e o azar de outros.
Já falei aqui sobre meu amor pelas histórias e como me sinto quando mergulho em uma das boas. Estou sempre procurando mergulhar.
Algumas pessoas pegam no meu pé pelas minhas escolhas de autores, mas eu tenho que dizer que, às vezes, não é a forma como o escritor escreve que me encanta. Algumas vezes ele só precisa ser UM BOM CONTADOR DE HISTÓRIAS.
Se envolver com uma história não é analisar a forma como ela foi escrita (se bem que admito que uma das coisas que me faz desistir de um livro rapidinho é a estrutura fraca, o dialogo ruim), mas mergulhar no que está sendo dito. Talvez seja por isso que fujo de alguns textos. Podem ter uma estrutura narrativa linda, mas pouco dizem que me interessa.
Um dos autores que mais me encantaram no fim da minha adolescência foi Dickens. Adoro suas histórias. Fico pensando em como ele foi um escritor pop na sua época, com todos ansiosos em ler seu último folhetim, e como suas histórias tiveram significado na época. E tem até hoje. Dickens é um caso interessante na literatura, pelo menos no meu ponto de vista, por que ele conseguiu escrever sobre sua época, mas com tal sentimento e também uma pitada de “moral da história” que os seus textos têm até hoje um charme interessante. Quem lê Oliver Twist hoje se identifica com o pequeno órfão e consegue transportá-lo para os problemas sociais atuais, que são tão diferentes dos da Inglaterra no século 19.
Esse é um dos encantos da literatura.
Tenho uma aluna, de uns 15 anos, que é louca pela Jane Austen.  Conhece mais que eu. E se identifica com as heroínas. E sofre de amor. É interessante ver o que essa menina tira de Austen. Não é, de forma alguma, o mesmo que eu, por exemplo. Ela suspira com Darcy, enquanto eu prefiro somente odiar Lydia de morte.
No frigir dos ovos, existem obras, maneiras de escrevê-las, forma de contá-las. E existe o leitor. E esse faz toda a diferença. A idade, o local onde nasceu, a experiência de vida, a criação, a religião e os valores faz com que cada leitor leia uma história diferente.
O enredo principal é sempre o mesmo? Nem isso.
Pra uns, Orgulho e Preconceito fala sobre o pensamento feminino, para outros é uma história de amor, pra mim, é uma história familiar. Mas já foi uma história de amor, quando eu li o livro pela primeira vez, e sobre o papel feminino na sociedade quando estava na faculdade. Eu mudei. O livro é o mesmo.
Por isso que, quando as pessoas criticam meu gosto para livros, eu fico na minha. Não leio os livros pela estética da narrativa, embora isso faça sim, diferença. Mas nem todo livro bem escrito é bom, e nem todo best-seller é mal escrito.
Quando me envolvo, em envolvo com o personagem, com as situações, com aquilo com o que me identifico. Já me disseram que eu leio para fugir da realidade chata. Pode ser. Mas já que eu tenho que fugir da vida real, vou para um lugar melhor, em que os heróis superam as dificuldades, roubam dos pobres para dar aos ricos, matam dragões e leões e monstros.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Gigantes de Aço ( Real Steel)

I can’t hear you over the sound of your robot being destroied!

Estou em crise de identidade. Com quase 30 anos nas costas eu ando me sentindo empática com seres bem diferentes uns dos outros. Umas semanas atrás eu estava apoiando a causa do macaco Ceaser (aqui) e agora me identifiquei com um robô.
Oh! Do eu essa louca está falando agora?
Não, meu filho, não é do Wall-E, se bem que eu também curti aquele robozinho...estou falando de ATOM.
O ano é 2020 e as pessoas queriam lutas de boxe mais violentas, então desenvolveram robôs para lutarem no lugar dos humanos. Sim, um novo esporte, com liga e tudo, veiculado pela ESPN e, muito, muito legal.
Estou falando de Gigantes de Aço, um filme do qual eu nem tinha ouvido falar até uns dias atrás e fui ver depois de uma indicação do Plederson. Adorei!
É a história de um pai que nunca tinha visto o filho de 11 anos e tem que ficar com ele por uns dias depois da morte da mãe. O pai é o Wolverine (Hugh Jackman ), um gostoso, na minha opinião, e o filho é o Thor quando pequeno, no filme, Max, e eu o chamei de filho da puta umas vinte vezes durante o filme e TODAS com admiuração por que o moleque é a crinaça mais topetuda e fodidamente segura que eu já vi.
Max (Dakota Goyo) me conquistou com suas atitudes e com o rostinho fofo.
Gigantes de Aço não é um filme profundo. Não é um roteiro original (metade dele é copiado de Rocky e a outra metade de A Procura de Felicidade), não tem nada de extraordinário na história, MAS TEM ROBÔS!!!!!
O personagem Atom é um robô de geração antiga que foi encontrado por Max no ferro velho. Ele é old, mas tem um diferencial: uma função sombra. Ele é capaz de reproduzir todos os movimentos de um humano. E Max cria com ele uma relação de amizade. Ele acredita que Atom entende o que ele diz, e tem certos sentimentos...
Vale totalmente a pena ver esse filme, se divertir com as lutas, se encantar com o garotinho, olhar o gostoso do Wolverine e sentir aquela coisinha bacana, sensação de que alguém está chutando algumas bundas.

Uma luta:



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

12 Macacos

There’s no right, no wrong, just popular opinion. (Jeffrey ??)
Você acredita em germes?
Estava vendo Os 12 Macacos, e tenho que admitir, fiquei com medo de estar vivendo uma alucinação e acordar em um hospital psiquiátrico qualquer, percebendo que sofro de alguma doença maluca...Brad Pitt me deixou tão paranóica quanto ele.  Mas vamos ao filme...
Maybe I’m just in your head é a frase que James Cole ouve quando volta para o seu tempo no futuro.
Resolvi assistir aOs 12 Macacos um tempo atrás e acabei descobrindo que de alguma forma eu tinha esse DVD em casa. Então, se algum de vocês for o dono do filme, reclame-o.
O filme é futurista, passa-se mais ou menos em 2025.
A maioria dos humanos morreu por causa de um vírus e os animais voltaram a dominar a Terra. Menos de um por cento da população sobreviveu e esses vivem no subsolo.
Além do visual steampunk do novo mundo subterrâneo, e das autoridades que aparecem, não temos mais muita informação sobre o que acontece lá. Em nenhum momento temos qualquer vislumbre dessa sociedade. A não ser a cadeia. Bruce Willis é um prisioneiro que, voluntariamente, sobre à superfície terrestre para apanhar espécimes, com o risco de ser contaminado.
É considerado o melhor batedor do lugar, então as autoridades dessa nova realidade o mandam para o passado para ter uma amostra do vírus, para um antídoto. Só que ele é mandado para o ano errado e jogado em hospício. E lá ele conhece Jeffrey e Kateryn. Ele é um maluco ela, sua psiquiatra.
Os 12 Macacos é uma organização misteriosa que, para Cole, espalhou o vírus que dizimou o mundo em 1996. O chefe dessa organização é Brad Pitt.
Mas o filme não é sobre vírus e viagens no tempo. O filme é sobre insanidade. Várias vezes eu me perguntei se Cole estava louco, ou tudo era verdade. Muitas vezes Cole se perguntou o mesmo, e em alguns momentos ele decidiu que estava, na verdade, louco.
A psiquiatra acaba acreditando em Cole, e também coloca em cheque sua própria sanidade. Já no caso de Jeffrey, ele é insano. E representa o papel maravilhosamente. Na primeira vez que ele se encontra com Cole, no hospício, ele está em uma crise de super atividade genial.
Nos faz pensar em que pé estamos com nossa própria sanidade, no que é ser uma pessoa “normal”, como é complicado entender a si mesmo e se adaptar à sociedade. O como é complicado parecer “igual”.
Assistir os 12 Macacos é uma experiência genial quando se atinge uma idade apropriada para se perguntar, exatamente, o que diabos estamos fazendo de nossas vidas. Ou quem somos, perante os outros e nós mesmos.
Dia desses di um quadrinho mostrando como a pessoa podia ser diferente em casa, na com os amigos e sozinho. Somos máscaras. Somos fantoches, produtos da sociedade e das convenções. Se sofremos, é por que achamos que o que fazemos está errado. Se estamos de saco cheio, vestimos um de nossos capuzes com um sorriso nele, e mostramos o nosso “melhor”.
E no final, somos todos insanos, pirados e  falsos, vazios, mentirosos e dependente da opinião dos outros...sim, o filme me deixou deprimida...mas daqui a pouco passa e eu vou sorrir, afinal, não quero que ninguém me considere “a chata” e não quero que ninguém pense mal de mim...

The Rock rocks (Alcatraz)

Abrams: Totalmente pegava
 Eu tive uma experiência orgástica ontem à noite.
Não, não tem nada haver com sexo, afinal, quem em sã consciência gostaria de fazer sexo com o Hurley, de Lost?
Minha experiência orgástica foi, novamente, proporcionada pelo J.J. Abrams, e aí eu me pergunto como: um cara pode ser tão awesome? (Alias, Fringe, Person Of Interest, Lost, Super 8, Missão Impossível 3...)
Alcatraz é uma prisão e quem não souber disso agora, pode parar de ler o post e ir assistir Big Brother. O resto que me acompanha a partir daqui deve saber uma coisa vergonhosa a meu respeito, mas que não posso esconder. A primeira vez que me lembro de ter ouvido falar na prisão de Alcatraz foi em um livro do Sidney Sheldon. Na verdade, pensando bem, aprendi bastante com o Sheldon, sei o nome de todas as marcas de roupas e jóias famosas e começos todos os hot points dos anos 80...mas enfim, a primeira vez que li sobre Alcatraz a descrição foi a seguinte: essa prisão foi construída em uma ilha e os prisioneiros tomavam banho de água quente, pois, se tentassem escapar, não conseguiriam atravessar a água gelada. Nem sei se isso é verdade, mas daí nasceu minha paixão por San Francisco e por Alcatraz. (a paixão por San Francisco cresceu quando assisti Full House e descobri as ladeiras da cidade), e agora nós temos o lindo do Abrams para nos dar um gostinho de Alcatraz.
Alcatraz foi fechada em 1963 , tanto na série como na realidade,e seus detentos supostamente, transferidos. Na verdade todos os 256 prisioneiros E os 46 guardas que estavam na prisão no dia 21 de março de 63 desapareceram, sem deixar rastros.
O que acontece é que há um assassinato, em 2012 de um homem que foi vice-diretor de Alcatraz e a detetive esperta e bonita começa investigar. Ela é afastada do caso pelo misterioso Emerson Hauser interpretado por ninguém menos que Sam Neal (aquele dos dinossaurinhos) toma o caso de suas mãos, representando a policia federal. A detetive Madsen consegue uma digital da cena do crime, mas o arquivo do dono da digital está lacrado. No São Google ela descobre que a digital é de um prisioneiro de Alcatraz e vai atrás de um Doutor especialista na prisão para saber mais sobre o cara. E aparece o Hurley(!).  Sim, o gordinho de Lost, que eu lembro de chamar todo mundo de DUDE e roubar comida. Aqui ele é um super inteligente Diego Soto, e vai ajudar Madsen em suas andanças pelos mistérios de Alcatraz.
Enfim, dei bastante spoiler ai em cima, e não vou continuar, mas tenho que dizer por que gostei tanto da série. Ela tem ritmo. Um ritmo que eu não vejo faz muito tempo. É uma série de ação, com elementos de ficção cientifica e muito mistério, e pelo menos esse piloto me deixou de queixo caído, pois não me deu um minuto sequer para respirar. A segunda coisa que me chamou a atenção foi a forma como os personagens se encaixam em seus lugares. É tudo clichê, mas de um jeito bem utilizado. O especialista gordinho que ajuda a detetive bonita em uma missão em que ele é inútil, pelo menos ao meu ver, já que os conhecimentos que ele tem parecem ser menos profundos do que de Hauser.
Por fim, é um seriado de Abrams...podemos esperar coisas boas dele e de sua mente perturbada.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

BBB - Eu não assisto essa bosta.

Não tem jeito.  Toda vez que o Big Brother Brasil começa, os comentários invadem a internet, as filas e os bate papos.
Existe aquele pessoal nojento que diz que não assiste essas merdas, e eu estou bem no meio deles...não assisti sequer uma edição desse programa, que considero uma perda de tempo fenomenal, e vou dizer por que: se eu quiser ver briguinhas, intrigas e putaria, é só olhar em volta da minha própria vida. Tudo o que as pessoas vêem no BBB acontece com muito mais freqüência na chamada Vida Real.
Tipo, ontem estava eu, pensando em como as mulheres podem ser intrigueiras e filhas da puta. Eu no meio, claro. Quando dois homens têm interesses em comum, eles podem se tornar grandes amigos. As mulheres só se tornam amigas de verdade se elas têm alguém em comum de quem falar mal. (spend all the time). Eu não consigo respeitar um homem que faz fofoca. E nós temos isso nos reality shows da vida.
Putaria, então, nem se fala. Eu acho um absurdo essas pessoas que fazem sexo, se esfregam, se oferecem em frente as câmeras. Como acho absurdo quando fazem isso em bares e boates. As pessoas, nos dias de hoje, querem ser super cool e liberadas, e acabam fazendo um papel ridículo. A fulana vai ser sempre lembrada como aquela que deu no BBB. Existe legado mais feio?
Outra coisa que me deixa um pouco passada é como os telespectadores desse tipo de programa são condicionados a aceitar algumas situações que acontecem dentro dessas casas como se fosse a melhor coisa do mundo. Um reality show é tão artificial quando é possível ser. Atenção, espertão que assiste ao BBB, você só vê o que a emissora quer que você veja!!!
As pessoas que assistem ao BBB me irritam muito mais que o próprio BBB. Se você é o tipo que gosta de ver baixaria, gente porca, pessoas mal intencionadas e burras, dê uma olhada à sua volta. Se pá, dê uma olhada no espelho. Talvez você se surpreenda.
Uma vez, na van vindo da faculdade, as pessoas estavam falando sobre o que aconteceria naquela terça, no BBB. E perguntaram minha opinião. Eu nunca emito minha opinião sobre esse tipo de programa em público, justamente por causa desse dia. Foi um simples: - não assisto essa bosta.
Fui chamada de arrogante, metida a inteligente e fresca pelo resto do ano.
Mas eis que ontem, depois de ter passado tempo demais na frente do computador, ligo a TV e (depois de ver a Teresa Cristina colocando uma cobra no carro de alguém) começa a NOVA EDIÇÃO DO BBB!!!
E eu ainda lembro quando o Bial era um cara respeitado. Um puta de um jornalista que virou mais uma caricatura da TV, no nível da Hebe e da Elke Maravilha. É...isso que o BBB faz com as pessoas.
Mas tudo bem. Nós próximos meses teremos algumas Playboys novas, uns viadinhos de aparecendo, as pessoas cuspindo na comida umas das outras (se a Globo não cortar essa cena) e o programa Video Game com essas celebridades instantâneas que vendiam sopa de cebola no mercado...
E o povo CONSOME isso. Ok. Não é mal só do Brasil.
Sabe um reality show que seria legal? As pessoas salvando animais das ruas, ou alimentando crianças famintas, ou arrecadando roupa para quem tem frio...mas o que o povão gosta mesmo de ver é bunda, peito e gente burra...nivela um pouco as coisas, certo???
Todo mundo que se foda.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O mexicano e o terror


Esse post é, claro, especialmente escrito para meu amigo Aparecido Rossi, Doutor em Literatura pela Unesp. Crítico incansável de quase tudo e uma pessoa que, apesar de eu amar, eu odeio bastante às vezes.
Ele me perguntou como o Stephen king pode escrever sobre terror em um mesmo texto em que usa elementos de novela mexicana: perda de pessoas queridas, amores perdidos e coisinhas do tipo. Ok, vamos explicar.
Uma das coisas que sempre me cativou no Stephen king é justamente seu modo mexicano de ser. Em NENHUMA obra americana é tão simples conhecer uma típica família daquele país, como nos textos de King. Aqui eu faço um parênteses para dizer que o Mario Puzzo faz o mesmo com as famílias Italo-americanas, mas nos livros de Puzzo não temos monstros.
E bien (como diria meu amigo Poirot)...
O Estranho, de Freud fala “sobre o que deveria ter permanecido secreto e oculto mas veio  à luz”, ou como eu gosto de dizer, o que nos é familiar, e de repente, fode tudo.
O que é mais assustador que o monstro debaixo da cama? Tipo, você está lá, no seu quarto, com os brinquedos que mais gosta, nos lençoizinhos que sua mamãe lavou e tem um cheirinho FAMILIAR, com seu pijama de dinossauro, e seu travesseiro fofo e eis que, do nada, SURGE O MEDO. Porra, como é que você pode ter medo em um lugar desses, onde tudo é seu, tudo é comum, no lugar em que você passa seu dia todo, estudando, jogando, etc...?
Quem aqui já teve uma fase de medo, sabe que o quarto pode ser o melhor refugio e o pior lugar para se estar...AO MESMO TEMPO!!
Todo esse blablabla é para dizer que, o medo real surge no momento em que você menos espera, do lugar que deveria ser seu lugar ideal. Um pai abusivo, um professor aterrorizante, um cachorro que deveria ser deu melhor amigo e de repente começa rosnar para você. Isso ASSUSTA pra caralho.
É o que King faz. O drama mexicano por traz dos livros de King são o embalo que nos leva a dormir, para que ele possa praticar o ato de nos impor um pesadelo horrível. Em Needfull Things, nós temos duas mães que se detestam, fazem fofoca uma da outra e são bem invejosas...tipo, TODAS as mães do mundo. Mas um dia elas se estranham por um motivo qualquer e ENFIAM A FACA uma na outra. Tipo, as duas se pegam na rua, na frente de um monte de gente e SE MATAM. Isso é um choque no leitor, não por que as mulheres se mataram, mas por que elas deixaram os filhos para trás (por causa de uma foto ou um óculos do Elis Presley, não lembro bem)...enfim...os dramas mexicanos são tão parte da nossa vida que nós acabamos não dando o devido valor à eles.
Se eu for me perguntar por que eu gosto dos textos do King, acho que a resposta está justamente ai, no drama mexicano. Tipo, o Dean Koontz, um escritor de terror de merda, escreveu um livro sobre uma casa automatizada que quer ter um filho com a proprietária. Eu nem li o livro todo, mas a casa ESTUPRA a moça...porra, velho, uma casa (que nem é mal assombrada) estupra uma mulher! Onde está o medo nisso?
Por outro lado, em A Coisa, nós temos a Bev, uma ruivinha bonita de 10 anos que é espancada pelo pai. Em nenhuma parte do livro SK deixa claro que o pai quer abusar da filha, mas o leitor consegue entender duas coisas: que os espancamentos são um tipo de alivio sexual do pai, e que A MÃE SABE DISSO e deixa os dois sozinhos em casa. Isso é drama mexicano. E isso é terror. Ainda em A Coisa (um livro muito, muito bom) nós podemos ver um monstro de verdade, que come crianças e tudo, mas me perguntem se alguma vez eu me assustei com o monstro? Não! Eu sabia que o monstro ia atrás das crianças, mas não sabia que iam bater em um moleque por que ele era negro, ou que um dos meninos ia matar o irmãozinho sufocado por ciúmes. Eu nunca tive medo que o monstro pegasse alguém do clube dos perdedores (os meninos heróis do livro), mas tive medo que os meninos malvados e maiores fizessem isso.
Enfim, quando alguma coisa é escondida, oculta da vista, sonegada aos outros (de novo de O Estranho) e vem a luz...bem, ai sim podemos dizer que isso é terror, que isso nos assusta, que isso mexeu com a gente.
É o mesmo caso dos serial killers. Sabe por que somos tão fascinados por eles? Sim, as histórias são grotescas, os assassinatos e tal, mas é a infância deles que prendem nossa atenção. Podia ser a nossa infância.
Respondido?

Crônicas de Gelo e Fogo.


Fui muito resistente em começar ler As crônicas de Gelo e Fogo, também conhecido, devido ao excelente seriado da HBO como Game of Thrones.
Na verdade, não queria ler os livros por achar que o seriado estava de bom tamanho, eu, a pessoa que NUNCA troca um livro pelo filme.
Várias pessoas me recomendaram começar ler as crônicas do escritor George R.R. Martin e minha reação era sempre a mesma...”quando tiver tempo”.
Eis que as sagradas férias de fim de ano chegaram e eu deixei um monte de livros importantes de lado para ler essa história medieval sobre vários clãs tentando se infiltrar no poder dos Sete Reinos. Estou no começo do terceiro livro e deixei de comer, dormir e me banhar nas águas quentes dos bosques sagrados (sim, um certo exagero aqui) para curtir a história.
Ainda não tive saco para entrar nos fóruns na internet para descobrir o que andam dizendo sobre essa história, e estou um pouco atrasada em relação aos fãs da série, já que o 5º livro acabou de ser lançado e o 4º já chegou ao Brasil, pelo menos em inglês...massssssss, estou muito impressionada com TUDO o que o livro traz.
Quando era mais nova, uns 10 anos atrás, li uma coleção de um historiador que escreveu sobre os reinos da Inglaterra e França como se as histórias fossem romances (não lembro nome do puto agora). Passei a conhecer Ricardo, Coração de Leão, João (esqueci o titulo, mas era um rei bem malvado), os reis Felipes da França e todas as adoráveis rainhas e cortesãs.
Me impressionavam as histórias das sucessões reais, das intrigas entre religião e política, das histórias de alcova, linhagens e afins. Também passei a entender um pouco melhor as Cruzadas, de uma maneira bem diferente das aulas de história (nada como nomes e rostos e sangue para fazer com que as coisas se fixem na nossa mente).
Quando comecei ler as crônicas de Martin, me surpreendi com a forma como a HBO tinha tratado bem os livros. A série é muito fiel em todos os aspectos, sem fugir nunca do que está no livro. Claro que existem mais putas peladas na série televisiva, mas a audiência clama por isso.  Conversando com um amigo que também está lendo os livros, comecei pensar nas comparações toscas que outras pessoas fizeram dessa série com outros textos.
Claro que não poderiam deixar de cair nO Senhor dos Anéis.
Afinal de contas, a história de Martin é considerada uma história de fantasia. Tem DRAGÕES nela!!!
Mas eu não acho que As Crônicas de Gelo e Fogo têm semelhança com O Senhor dos Anéis. A Guerra dos Tronos é uma história sobre guerras e política. Sobre estratégias e espionagem. Sobre honra e amadurecimento. Uma história de como meninos se tornam homens, e como uns podem enganar os outros, ou serem enganados. É um texto admirável.
Símbolos de algumas casas do reino
Antes de ler o primeiro livro da série, esperava uma história mediana e fácil. Qual não foi a minha surpresa ao me deparar com um autor capaz de dar vida a pelo menos 100 personagens atuantes no texto de desenvolver TODOS eles de uma forma fenomenal? Cada personagem de Martin tem uma história, uma personalidade e interesses próprios. Todos os nobres são ligados uns aos outros por nascimento, casamento, vassalagem ou interesses comuns. Cada um deles tem um papel importante na trama (e é isso que as Crônicas são, uma grande trama de relações, passados e joguetes) e todos são essenciais.
Martin resolveu adotar pontos de vista de vários personagens, contando suas histórias em capítulos com os seus nomes, o que dá uma certa segurança ao leitor, para que o pobre não se perca nesse mar de nomes. Além das ligações entre as personagens, com o tempo aparecem as outras, como o cavalheiro exilado que é filho de um dos mestres da muralha que protegem o reino, ou os primos de uma certa rainha que prestam vassalagem ao inimigo do rei. Eu tiro o chapéu para Martin por conseguir colocar tudo isso em uma história fácil de entender e com todas as tramas extremamente bem amarradas que não permitem nenhum fio solto entre elas.
E o melhor. NENHUM dos personagens de Martin é óbvio. O leitor nunca sabe o que qualquer um deles é capaz de fazer a seguir. Eles são os Sacos de Ossos, os humanos de papel, mas são tão surpreendentes que eu, a leitora do terceiro livro, ainda não consegui estar a frente do escritor uma única vez.
Por fim tenho que dizer que, há muitos anos, um livro não me surpreendia assim. E embora eu considere As Crônicas de Gelo e Fogo uma saga épica não fantástica, é fantástico como um texto pode ser tão mágico com tão pouca magia dentro dele. 

Em tempo: falarei sobre alguns personagens específicos em um post mais adiante