quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sob a Redoma - Stephen King


Quando vi que a Objetiva ia lançar Sob a Redoma no Brasil, fiquei louca. Estava morrendo de vontade de ler alguma coisa no estilo novelão de King e eis que fui agraciada com uma grande surpresa. Os livros mais recentes de King (incluindo Love, Cell e Duma Key, além do finalzinho de Torre Negra) tem um grande defeito pra mim: a enrolação. Celular foi um dos livros que eu menos gostei do mestre, seguido por Love imediatamente. Duma Key tem uma vantagem enorme sobre eles por ser uma história muito interessante, mas eu senti nesses livros todos e em grande parte da Torre que Stephen King estava enchendo linguiça.
Uma pessoa capaz de escrever um livro com quase mil páginas como IT e Dança da Morte, acaba sendo um pouco prolixo e confiante demais. Porra, todos nós sabemos que ele quer derrubar arvores, mas a Torre Negra ficaria tão bem em apenas quatro livros que...bem, vamos voltar ao Sob a redoma.
Quem é fã é fã e eu decidi ler o livro, já que tinha lido a premissa e me perguntado: que porra esse homem escreveu em quase mil paginas sobre um Zé povinho preso debaixo de um vidro?
E não é que ele escreveu bem demais? Sob a Redona trouxe de volta o estilo “sem o pé no freio” de King, que encontramos em O Ilumidado e Zona Morta (quase todos os livros antes de meados de ’90, na verdade). Você começa ler e não consegue parar. O livro não tem extras chatos, detalhes insignificantes e embromation. O livro é um singelo tijolo que só diz o essencial.  Tudo é essencial, certo?
História de uma pequena cidade no Maine, que fica pertinho de Castle  Rock, e de um segundo para o outro fica presa sob uma redoma. Essa redoma cobre exatamente os limites da cidadezinha e é indestrutível.
Quam está fora não entra, quem está dentro...ah, entendeu, certo.
Dentro de Chester Mill temos um político com manias de grandeza que rapidamente evoluem para algo parecido com um ditador, temos o pessoal do bem e temos sim(!), um serial Killer.
Lembro quando li Dança da morte e – olha o SPOILER – existia uma gang de estupradores/torturadores que sequestrava e mantinha as mulheres sobreviventes em cativeiro – fim do Spoiler – e pensei: poxa, os últimos seres humanos da terra e um bando de filhos da puta faz uma coisa cretina dessas? E ai chega o tio King e mostra que as pessoas boas podem se mostrar cegas e irracionais em momentos de desespero. (mostra isso muito bem em Trocas macabras também).
Sob a Redoma é uma história de uma cidade enlouquecendo, rapidamente. A história de ratinhos presos em um labirinto, ou melhor, formigas em um formigueiro.  Eu estou relamente surpresa de ter gostado tanto. Sempre que leio um livro recente do king, já começo com um pé atrás.
Leiam pessoas, que esse vale a pena.  Pra não dar spoiler termino aqui, com três Ps’s.
Ps¹: Os xingamentos à Obama devem traduzir muito bem o que algumas pessoas pensam dele no sul.
Ps²: se liga na maneira como a religiosidade pode ser manipulada para chegar onde as pessoas querem.
Ps³: O King definitivamente não sabe qual é o alcance da internet. (quem leu sabe por que )



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

As bobagens que as pessoas fazem nos filmes de terror.




Acho que as pessoas nos filmes de terror devem, sim, morrer. Não importa o quão boazinhas elas sejam, acredito que o fortalecimento da espécie se dá com a sobrevivência do mais forte (que nos dias de hoje é a sobrevivência do mais inteligente) e não vejo nada de inteligente nessas pessoas de filmes de terror.
Onde já se viu você ter um monstro em casa e correr para o porão/sótão? Enfim, vai aí uma lista de dicas de coisas que você não deve fazer para não acabar morto de maneira trágica.


- Não jogue jogos como tábua ouija e brincadeira do copo. Velho, na boa, isso vai dar merda e você vai acordar uma coisa que está morrendo de fome.
- Não entre em uma mata/floresta/bosque sozinho. Nem acompanhado, na verdade. Há coisas ali que só estão esperando pelo lanchinho andante.
- Não vá passar noite em casas abandonadas. Elas estão abandonadas, e existe um bom motivo pra isso.
- Não brinque com ciganos. Nem com judeus. E nem com velhas negras. Eles podem querer se vingar com magia.
- Não adote uma criança. Principalmente se for aquela que as outras crianças ignoram. Você estará levando o mal para sua casa.
- Não confie nos seus vizinhos. Eles podem cozinhar carne humana e te dar em uma torta.
- Não faça pedidos para estrelas cadentes, poços dos desejos, lâmpadas maravilhosas e fogueiras. Eles podem se tornar realidade.
- Não confie na tecnologia. Não deixa gravadores ligados quando não tiver ninguém por perto, não assista televisão com chiado, não abra correntes de maldição no e-mail e não atenda números desconhecidos.
- Não duvide de lendas locais, e não tire sarro delas.
- Não tenha uma casa de vidro.
- Não vá tomar banho sem verificar de o banheiro está vazio antes. Tranque a porta.
- Não tenha bonecas e animais de pelúcia em casa.
- Não se aproxime de palhaços. Ou mágicos. Ou circos, na verdade.
- Não tenha espelhos. Nenhuma superficia reflexiva. Ainda ganha grátis a vantagem de não lembra que você é feio pra caralho.
- Não confie em famílias que vivem isoladas.
- Não seja uma puta. Ou um nerd. Ou do time de futebol.
- Não entre em lojinhas de antiguidade, e se entrar não compre nada.
- Não confie em padres, autistas, carolas ou velhas loucas da cidade.
- Não entre em lugares escuros como porões, sótãos, esgotos, covas e mausoléus. Não seja idiota.
- Não leia nada em latim.
- Não saia sozinho a noite.
- Não entre em casa se alguma porta ou janela que deveria estar fechada estiver aberta.
- Não deixe ninguém que você não conheça entrar na sua casa. E não dê carona para desconhecidos. E nem para conhecidos.
- Não peça pizza.
- Não entre em hospitais psiquiátricos, abandonados ou não.
- Nunca, em hipótese alguma, faça sexo.

Nem é difícil. Mantenha a fé em Deus. Use crucifixo. Tenha água benta e bala de prata a mão. E uma pílula de veneno. Essa é pra você, caso seja pego. 

American Horror Story - Asylum


                 


Hoje assisti o primeiro episodio da segunda temporada de American Horror Story. O subtítulo é Asylum e a história se passa, hoje e antigamente, em um hospício.
                Há todo aquele clichê sobre o hospício mal assombrado, com médicos torturadores e etecetera (o que me lembrou muito o Kingdom Hospital), mas há coisas por trás do terror, que são muito mais interessantes. E assustadoras. Já no primeiro episódio vemos três dessas realidades fantásticas pelas quais o mundo passou – e ainda passa – e que me deixam de boca aberta.
                A primeira é a união de um casal interracial. O ano é 1964 e o casal – casado – esconde o relacionamento de todos por medo das represálias que podem sofrer. O homem é branco e a mulher negra, e quando ele sai para trabalhar, a pedido dela, tira a aliança. Também esconde uma arma debaixo da cama como quem espera problemas com aquela união, embora eles pareçam se amar de verdade. Isso me traz a mente tudo o que já ouvi dizer sobre negros versus brancos nos EUA. Embora o racismo exista no Brasil, não consigo sequer imaginar a história de banheiros, ônibus, escolas e bebedouros separados por que uma pessoa é branca ou negra. Embora o Censo tenha liberado a informação de que os casamentos com pessoas da mesma raça sejam mais comuns do que os inter-raciais no Brasil, quando essas relações acontecem, não são nenhum pouco estranhas. Nos EUA isso ainda é um escândalo em alguns lugares. Como poderia não ser em ’64?
                Outro casal em Asylum que causa polêmica é um casal de lésbicas. Também na mesma época, duas jovens que moram juntas. Uma é repórter e outra é professora de crianças. Interessante ver que, por um motivo que está explicado no episodio, a situação de romance das duas chega perto de ser revelado. A professora é ameaçada com o segredo, dizendo que dar educação para crianças é uma coisa moral e que, se soubessem sobre sua “perversão” ela nunca mais entraria numa sala de aula. É de se pensar. Não duvido que uma coisa do tipo aconteça hoje em dia...
                Mas o mais impressionante é o manicômio em si. E os tratamentos. O hospício é dirigido por uma freira (que tem sua própria historinha libertina) que é rígida e faz as coisas em “nome de Deus”. Diz que as doenças mentais são desculpas para os pecados e trata os pacientes com rigidez espancamento e remédios. Uma pessoa que entra no hospício é louca. Sem tratamento para sua doença, mas sim para seu pecado. Se ela não é louca, logo ficará. Temos, sim, o doutor. Mas ele trabalha quietinho, em um quartinho separado, fazendo experiências com cérebros.
                Não sei se vou terminar de ver a série. Não consegui ver a primeira temporada muita angustiante. Mas tenho a dizer que se você retira a capa de sangue monstros e fantasmas, o que sobra e a crueldade pura que as pessoas são capazes (sentem prazer?) em cometer. Em nome da moral, dos bons costumes, e da religião.