segunda-feira, 24 de junho de 2013

From a Buick 8 - Stephen King

Esse fim de semana terminei a releitura de Buick 8. Resolvi ler novamente por que no “fã clube” do king – de que faço parte – meus coleguinhas criticaram bastante o livro.
Contem Spoiler lá embaixo, ok?
Buick 8 é a história de um regimento da polícia estadual da Pensilvânia, que tem a “guarda” de um carro (muito estranho) que foi abandonado num posto de gasolina.
O carro tem um motor zuado que não funciona, uma chave de ignição que não é uma chave, só um pino, e repele sujeira. O carro parece um Buick, mas não é EXATAMENTE um Buick.
O Regimento D é um esquadrão de policiais de rodovia, que – por não saber explicar o que o carro é – o mantém em um galpão, em segredo, por mais de 20 anos.
O carro é, na verdade, um portal para outro mundo. Se abre de tempos em tempos, e às vezes manda coisas para o galpão, às vezes tira coisas dele.
Agora vamos aos fatos.
A narração do livro é feita a partir de vários personagens que contam a história para o filho de um policial que morreu à serviço no regimento D. a narrativa de Buick 8 não é das melhores do King, por que muitas vezes me deixou um tanto confusa quanto a quem estava falando, mesmo que cara capítulo tenha o nome de quem está contando a história.
Também notei umas disparidades temporais. Pode ser implicância minha, e a história começa em 79, mas acredito que o livro não tenha, realmente, sido escrito em 2002, como King alega.
No meias, gostei muito do jeito como ele conduziu o desenvolvimento do relacionamento do regimento com o carro. Ele deixa uma sugestão de que o carro é um personagem e o Regimento D é outro. O legal também é o ar de segredo de polichenelo que King dá ao fato de o Buick ser “propriedade” do D. em dado momento ele diz que mais de 100 policiais passaram pelo regimento nos últimos 20 anos, e que todos sabiam sobre o Buick, e que todos guardaram segredo. Todos sabem que é impossível guardar segredos, quando muitas pessoas o conhecem, e isso faz do D um corpo especial.
Quanto aos monstros.
O Buick pari monstros. De repente, luzes começam piscar, a temperatura começa cair e o porta malas abre, soltando uma criatura.
Aqui que eu acho que houve uma sacada sensacional.
King brincou com a capacidade cerebral e linguística para descrever os bichos que saiam do carro.
Como boa graduada em Letras, estudei Semântica e Linguística, e acho que King também usou disso na composição deste texto.  
A primeira criatura que sai do carro (horrível como todas) é uma “coisa morcego”. É diferente de qualquer coisa já vista. É apavorante. Não parece com nada já visto, mas eles a chamam de coisa morcego por que morcego é o que mais chega perto de descrever aquilo. NÃO SE PARECE NADA COM UM MORCEGO.
Acho isso lindo, como achei ao ler Matéria Cinzenta.
O cérebro humano é incapaz de processar certas imagens. Aquilo fica parado na nossa mente, até que façamos a adaptação necessária para compreendermos.
King chega a te a dizer, através de um dos personagens que “o carro não é um carro, mas é assim que nós o vemos”.
Outra coisa bacana - e totalmente coerente – é a intenção do capitão de explicar que o Regimento D funcionava muito bem, obrigada.
Eles tinham um portal sobrenatural para outra dimensão à 5 metros deles, mas conseguiam realizar as atividades diárias com competência, sem ao menos pensar tanto no Buick, pelo menos quando ele estava dormindo. Isso por que “com tempo e esforço, o ser humano acostuma-se com qualquer coisa na vida”. O que também é verdade.
Acredito que muitos livros do King te dão aquela faísca de pensamento pra ficar desenvolvendo depois. Mas em Buick, essa faísca é bem forte.

Livro divertidíssimo, que gosto muito.

domingo, 16 de junho de 2013

Fique Comigo - Harlan Coben

Às vezes eu gosto de alguns autores sem saber por que gosto.
Esse é o caso de Harlan Coben.
O homem não escreve de uma maneira especial, usa o Deus Exmachina com uma frequência nada saudável e tem um personagem em alguns romances que não dá pra engolir. No entanto, sai livro do cara e eu to lá, comprando, e lendo em um dia.
Talvez ele seja o novo Sidney Sheldon, da minha fase adulta.
O fato é que eu gosto bastante dos livros de Coben, sem saber direito por que.
O ultimo que caiu em minhas mãos foi “Fique Comigo: quando menos se espera, o sonho pode virar pesadelo”.
A Hell of Title, né?
Bom. Pelo menos essa não é uma história de Myron Bolitar.
Myron é o personagem fodão, ex FBI (ainda não li as histórias dele no FBI), ex jogador fodão, ex advogado, e no momento agente de celebridades. Os livros em que Myron aparece são histórias cheias de ação e sem um pingo de sentido, sobre celebridades que vivem confinadas á ilhas e mães suicidas com bebês desaparecidos.
Fique Comigo é a história de uma mãe com um passado obscuro, que tem que voltar à esse passado para esclarecer um crime. É uma história de Serial Killer - bem bobinha por sinal - mas POR QUE EU ME AMARREI TANTO?
Toda a coisa do Coben está no ritmo. É sempre alucinante. Li quase 300 páginas em algumas horas, e perdi o fôlego umas 4 vezes. Coben mexe com a emoção do leitor e consegue passar o melhor clima de suspense possível. Melhor que muitos filmes, por sinal. Depois de ler um Coben, você deve descansar a sua cabeça por uns dias, senão qualquer livro que você for ler parecerá arrastado e você vai desistir dele. Coben te estraga para outras histórias.
Quer começar ler, comece com Não Conte a Ninguém, Desaparecido pra Sempre, ou Cilada. Ganhe horas de diversão com a mesma sensação de quem viu Os Vingadores: divirta-se terrivelmente e horas depois se pergunte “por que diabos eu gostei daquilo”.

Falou uma viciada em Coben.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Garota Exemplar - Gillian Flynn




Ler Garota Exemplar é uma experiência.
Li depois que muita gente elogiou a história. Li depois que muita gente disse que era o contrario do mau afamado e mau escrito 50 Tons de Cinza. Li depois que as pessoas começaram dizer que o livro era demais e que a Amy (personagem principal) era mesmo exemplar.
Por que gostei do livro?
É muito bem escrito. Embora eu não ache que a autora inovou no quesito ‘narrativa’ (ei, ei, vamos enganar o autor com as palavras da própria personagem)Gillian Flynn consegui construir uma história interessante, convidativa e rápida. É o que chamamos de thriller.
A história começa com o desaparecimento de Amy e o esforço (ou não) do marido para encontrá-la. Entremeado a isso, lemos o diário da moça, desde a época linda e mágica em que conheceu o marido em NYC até o momento em que eles se mudaram para o fim do mundo onde o marido nasceu, e voltou para cuidar da mãe com câncer.
Narrativa excelente pelo ponto de vista do marido. Narrativa muito boa também quando lemos o diário da pobre Amy.
Achei legal a forma como a autora conseguiu transmitir a meiguice de Amy, suas maneiras de agradar o marido e como a vida de casada era especial pra ela.
Com o desenvolvimento da história vemos o marido, Nick, ficar cada vez mais encrencado com a polícia, que o culpa de ter assassinado a mulher...mas, cadê o corpo?
Por que não curti o livro?
É um livro fabricado.
Acho que quando um autor se torna pop, muita gente começa a falar que o cara usa “fórmula” pra escrever. Não discordo. Mas mesmo assim, alguns Best Sellers tem HISTÓRIAS PRA CONTAR.
A impressão que me dá que Flynn fez uma pesquisa populacional para ver o que as mulheres queriam ler, e montou esse livro.
Ele soou artificial em alguns pontos. Por exemplo, na parte policial. Não tinha como Flynn não introduzir  a polícia na história, mas a atuação dela foi muito, muito ruim.
Outra coisa que detestei foi a maneira como público reagiu ao livro.
SPOILER


Amy é uma vaca psicopata, muito, muito filha da puta, e as mulheres ficam endeusando ela!
Odiei o retrato da mulher perfeita que também é o demônio de mulher. Ninguém é perfeita, ninguém é exemplar, mas aqui Flynn fala como se fossem as duas únicas maneiras.


FIM DE SPOILER

Acho que teria gostado mais do livro se ele tivesse se concluído com as pessoas merecedoras estando atrás das grades.
Se 50 Tons de Cinza denigre a imagem da mulher ( e sim, denigre, eu não li mas eu mesma tenho vontade de dar uns tapas em Anastácia), Garota Exemplar faz muito, muito pior.
Por fim, leitura divertida, aos moldes de Sidney Sheldon (garota vingativa) que me deixou, mulher, emputecida.
Mas recomendo a leitura (vai me entender)

O Pacto - Joe Hill




Acabei, neste minutinho, de ler O Pacto, de Joe Hill.
Estou surpresa.
Li Estrada da Noite uns tempos atrás, e achei somente bonzinho, talvez por que gerei certas expectativas erradas. Resolvi ler O pacto por que me foi altamente recomendado pelo meu brother Renan e eu queria uma coisa nova.
Não foi nada do que imaginei.
A história de O pacto em si, poderia não dar em nada. Não é uma GRANDE HISTÓRIA. São poucos personagens, em um ambiente não muito fixo. Você não se sente LÁ como acontece quando lemos algumas histórias.
O Pacto é tudo sobre narrativa.
É um truque.
É bom pra caralho!
Eu nunca imaginei que fosse gostar tanto de um livro depois de ter passado metade dele me perguntando exatamente onde ele ia chegar.
O Pacto engana a gente.
Eu tive a opinião sobre as pessoas construída, destruída, reconstruída e de novo, destruída. Foi bizarro.
Estava a certa altura do texto em que ficava com raiva de um personagem e então as coisas mudavam de uma página pra outra e eu: dafuq did happen?
Estou muito chata pra leituras ultimamente. Mas devo dizer que esse livro me prendeu de uma maneira que EME surpreendeu bastante. Não via uma narrativa tão bem trabalhada faz muito tempo.
É uma história triste.
É um texto que te diz: o que um psicopata pensa.
E é, ó clichê das =artes uma história de amor e abnegação.
Recomendo mil nosso amiguinho Joe Hill e recomendo muito a página de agradecimento no final, que me fez entender por que nunca vou ser escritora: ele revisou a coisa pelo menos cinco vezes.
O livro é um pacto que o leitor faz com o autor, de acreditar em tudo o que ele diz, e no final, mandá-lo pro inferno.