sexta-feira, 26 de julho de 2013

Joyland - Stephen King

Terminei de ler um dos mais recentes livros do Mestre.
Trata-se de Joyland, (e viva a terra da diversão).
É uma história enxuta, bonita e inteligente. Nada de carta ao leitor, então não dá pra saber se é uma história escrita agora, ou se é algum que o king tirou do fundo do baú (se passa no final dos anos 70), mas é uma história “boa pra dedéu”. King diz que teve a ideia da história depois de ver um menino numa cadeira de rodas empinando uma pipa com o rosto de Jesus.
Consegui passar pelo último ano sem receber spoilers dessa história – a não ser pela capa – então eu não sabia nada do que leria, só que estaríamos em um parque de diversões.
A primeira coisa que gostei, foi do personagem principal. Dev é só um garoto, precisando de uma grana, com o coração partido e sem nenhum objetivo concreto da vida para as férias dop semestre. Ele, com mais cerca de 200 pessoas, vai trabalhar em um parque de diversões – Joyland – que funciona somente durante o verão.
Devin não é um personagem completo. Isso se dá, principalmente, por ele ser muito jovem. Ele não teve um passado ruim, apesar de ter visto sua mãe morrer de câncer (como a mãe de King).
O livro é narrado em primeira pessoa, e é levinho e interessante. O ritmo da narrativa não permite que o leitor se desligue da história. Você lê um pouco e não quer mais parar.
Então, o garoto vai trabalhar nesse parque e descobre que alguns funcionários de lá relatam ver o fantasma de uma mulher que foi assassinada no trem fantasma alguns anos atrás.
Quer saber o melhor: essa história não é sobre a mulher. Não é sobre nada aterrorizante, na verdade. Pelo menos não no quesito sobrenatural. Há alguns monstros, mas eles são bem reais. A doença, a crueldade e a decepção são os monstros dessa história que não deixa o leitor com medo, ou revoltado, ou angustiado.
É uma história que deixa o leitor nostálgico, como se ele tivesse perdido algo em sua juventude. No final, é uma história bonita e triste. Mas com picos de alegria gostosos.
Joyland não se parece muito com os livros que nós, leitores fiéis, estamos acostumados. O que mais lembra, talvez, pelo ritmo narrativo, é Eclipse Total...mas ainda não é bem isso.
Que seja, não estou indecisa quanto a uma coisa: adorei pegar essa obra nova e original e vi que tempos de Love e Celular ficaram pra traz. A história é muito boa e eu recomendo que vocês deem uma passada na Carolina do Norte, no verão, e visitem Joyland. Você vai ter diversão, conhecer o cão Howie, e, quem sabe, ver um fantasma de verdadinha no túnel do terror!
Ah! Ainda não saiu no Brasil!




sábado, 6 de julho de 2013

Desespero - Stephen King

Resolvi  reler Desespero depois que achei o pocket por 10 reais no Submarino.
Preço de banana, livro bacaninha, eu sem vontade de ter pensamentos sérios.
Reler King é legal por que não exige esforço intelectual. Nenhunzinho mesmo. É, tipo, você ver televisão.
Por outro lado, reler faz com que você ser concentre menos na história principal e mais nas nuances.
Isso me fez perceber que Desespero tem uma boa história a ser contada e nenhum detalhe significativo. É um dos meus livros favoritos de King, mas não deixa nada para o leitor resolver.
Ah, claro, temos a grande questão DEUS no livro. Mas nem ela pode ser muito explorada, porque não existe, na verdade, dúvidas sobre a existência de Deus para os leitores. Ele está lá. E está querendo algo.
Resuminho:
Um grupo de pessoas - entre elas um menino religioso e um escritor arrogante – são levados para a cidade de Desespero, no meio do deserto de nevada, e lá tem que enfrentar um demônio antigo, em favor de Deus.
O livro conta, basicamente, as maldades do demônio (sempre incorporado) e permeia a fé do menino (David) com a descrença do escrito (Johnny).
É um dos maiores livros de King, com quase 900 páginas e tem um ritmo alucinante, com personagens interessantes em seus anseios NO PRESENTE, mas apenas os dois principais são bem construídos o suficiente para serem dignos de nota. A impressão que dá é que os outros personagens foram apenas jogados lá para fazer volume e cumprir tarefinhas bobas.
King mexe muito com a maneira como as pessoas observam a fé do próximo, no que as pessoas acreditam (ou não) e como elas lidam com o inexplicável.
David é um “tocado por Deus” e até realiza a multiplicação do pão e do peixe na história.
Até começar escrever essa resenha, achava o livro o máximo, mas agora estou com sérias dúvidas sobre o que achar dele, do ponto de vista de não haver, realmente, uma grande história, como é o caso de Buick 8, que descrevi no blog  no mês passado.
A própria conquista da fé é estranha, e se dá depois de muitas provas desnecessárias.
Acho que King falhou em sua tentativa de utilizar a fé como recurso, e também faltou um pouco de conhecimento “jogado na cara do fiel leitor” em relação à bíblia. Ele poderia ter abusado mais disso.
Na verdade, pensando agora, acho que King só usou o livro para fazer uma descrição dele mesmo (no caso de ele não ter tido a coragem de largar as drogas e bebida a tempo). O livro é sobre King (ou John Marinville) e como ele deve ter se visto quando mais alucinado pelo sucesso.
Se você, fiel leitor, me perguntasse sobre o que esse livro é há 10 minutos, eu diria que era sobre Deus e fé, mas agora acho que é um autorretrato.
Por fim, como sou uma pessoa com as ideias viajadas, não posso deixar de dizer que tive longos pensamentos sobre a existência e utilidade de Deus depois de acompanhar a saga de David pela fé que ele adquiriu.
Tenho pensamentos originais - que não estavam na minha cabeça uma semana antes – sobre o que é e o que faz Deus. Mas isso veio depois que terminei o livro, o coloquei de lado e me perguntei: “acabou?”.
Agora estou a fim de reler Os Justiceiros, para ver o que consigo tirar de lá. Acho, só acho, que vou gostar mais dele.
Só uma coisa é digna de nota em Desespero: Tak. O demônio, ou fumaça, ou vibe ruim (ninguém sabe) foi desenterrado da Mina do China e tem uma coisa nele que gosto muito, ele não se preocupa. Ele não tem planos. Ele quer somente possuir alguém, matar, comer e fazer tudo de novo. Ele não se preocupa em trazer amigos, fechar portais, bajular um chefe. Tak é só energia ruim e instinto. A nêmese de Deus é o irracional. A fome. O sangue. E o medo.

Desespero: Recomendo a leitura, é muitíssimo divertido. Mas não releia. Não vale o esforço.