Tenho escrito bastante, sobre várias coisas diferentes, meus pensamentos e sentimentos e algumas coisas que eu nem percebia antes. Meu amigo Mário chamou isso de catarse, no último email que trocamos.
Pode ser. Talvez eu esteja me expressando através das letras, ao invés de sair por ai falando, como é costume maior pra mim. Talvez o que eu precisasse nesse tempo todo em que estive quase inativa com meus escritos, fosse justamente voltar a sentir que existe um propósito por trás deles.
Então eu perguntei o porquê de escrevermos, principalmente na internet. Pra quem estou escrevendo? Qual é o objetivo dessa catarse?
Se eu quisesse escrever só para mim, poderia fazê-lo em um diário, arquivar os textos, deixá-los em uma pastinha discreta. Se estou escrevendo para alguém, pra quem? Uma pessoa só, um público, um alvo?
Bem, cheguei à conclusão de que os textos do blog são diferentes um do outro. A intenção é diferente na publicação de cada um deles. Alguns são apenas desabafos que publico para tentar ser corajosa. Foi um desses textos que “incomodou” e “mexeu” com algumas pessoas. Foi uma pirraça, um pensamento aleatório que ganhou corpo em um texto e que a partir do momento em que foi publicado, deixou de ser um texto para se tornar parte de mim e dos que o leram. Escrever sobre assuntos espinhosos é sempre difícil pra mim, por que meus pensamentos vão se tornando cada vez mais profundos e fortes. Como no momento só minha opinião que conta, esse tipo de texto também se torna fraco, por que ele não pode ser argumentado na hora. É mais ou menos como fazer um discurso, e eu sempre prefiro o debate.
Outros textos, escrevo com algum objetivo em mente. São dois ou três em todo o blog, mas cada um deles teve um por que de estar lá naquele momento. Talvez o primeiro deles tenha sido o “Eu quero” que escrevi em um dia muito louco, em que estava com vontade de sumir no mundo e cair na vida, sem levar nada ou dar satisfação para ninguém. Algumas pessoas choram diante de dias assim, outras tomam um porre, eu eternizei com uma página escrita. É um texto que li vezes sem conta, quando precisei me focar e entender que a vida que eu tinha era a que eu precisava aceitar.
E de um momento para outro, escrever me fez perceber que não, eu não tinha que aceitar as coisas que eu não queria mais, ou que não me faziam bem. Então eu posso dizer que meus textos também me fizeram crescer e amadurecer. Até dois meses atrás duas coisas me incomodavam muito. Uma eu consegui mudar, e a outra (não tão fácil) estou me empenhando o máximo para ser a próxima da minha lista. O engraçado é que essas coisas já faziam parte da minha lista de reclamação há muito tempo, mas se acomodar com certas situações pode ser um veneno para uma vida feliz e realizada.
Eu reflito escrevendo, mesmo que muitas vezes eu nem diga nada. Fazer meus pensamentos tomarem uma forma na tela do PC me faz crescer.
Eu sou uma pessoa caótica. Minha mesa no trabalho é organizada, mas minhas gavetas são uma bagunça. Meus arquivos no computador estão todos espalhados por todos os lados e eu sou capaz de fazer 10 coisas de uma vez só. Se minha vida concreta pode ser uma loucura assim, minha cabeça é mil vezes pior.
Eu penso. Essa coisa de “penso, logo existo” é uma asneira. Eu penso, logo quero pensar pelos outros, adivinhar sentimentos e intenções. Eu penso e vou tentando traçar perfis e personalidades. Eu penso demais. E escrever me faz frear isso. Escrever me faz pensar mais devagar e a partir daí, pensar no que realmente importa. Eu tenho que saber o que os outros estão pensando? Não, Cher!
Meus amigos sempre me dizem para não me preocupar com o que eu não posso mudar. Eles sempre estão aqui quando eu preciso, mas eu nunca consegui fazer isso, até começar minha catarse.
Escrever me cura de minhas neuroses, me faz colocar minhas ideias, pensamentos, desejos em ordem. Ser lida às vezes é a única maneira que encontro de dizer algumas coisas que sinto. Então, leitor, se em algum momento você achar que aquela frase especifica foi para você, pode ser que você esteja certo.
Também existem os textos divertidos, aquelas coisas que escrevo para que todos saibam onde procurar alguma coisa diferente para fazer. Sou uma grande incentivadora da leitura, em todos os lugares. Empresto meus livros pra todo mundo, quando vejo um adolescente em uma livraria ou biblioteca, escolhendo algo para levar, eu sempre vou dar uma dica. Quando os alunos da minha escola chegam com um livro debaixo do braço, sempre pergunto o que é e o que estão achando. Sinto que ganhei o dia quando um dos alunos senta na minha sala e começa compartilhar uma história comigo, por que todos me reconhecem como leitora. E agora como escritora. Todos os dias alguém vem com as palavrinhas: “Cher, li seu blog”.
O motivo de ter criado o blog foi para poder passar adiante minhas sensações ao pegar um livro nas mãos. De poder dar dicas de coisas legais da TV. Para mostrar onde achar coisas interessantes para as horas de lazer. E agora o blog me ajuda a passar por esse momento de catarse, de mudança, de amadurecimento.
Neste mês de agosto o blog virou meu novo queridinho. Não meu único queridinho. Espero que quem me conhece esteja testemunhando boas mudanças em mim (às vezes eu tenho medo de não estar realmente mudando) através dos meus escritos, afinal, alguns dos meus leitores nem estão tão próximos fisicamente. Espero que as pessoas que eu estou conhecendo melhor agora, e entre elas uma em especial (eis uma frase com alvo certo) consigam me entender melhor através do que eu publico aqui. E desejo, do fundo do coração, que tudo de bom que eu estou querendo aconteça, por que eu mereço.