sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Marcos Rey, meu amigo de infância


Acho que ultimamente esse blog tem se tornado mais pessoal.
Isso é legal, afinal são as minhas opiniões que vão aqui, então...
Estava voltando do trabalho e pensando em todos os livros que eu li. Tenho um pequeno arquivo disso aqui , mas no Skoob não estão os livros de banca de jornal, a maioria dos que li na infância e adolescência e mitos que não achei cadastrados. Não li só 500 livros. Acho que li pelo menos o triplo, mas alguns ficaram na minha memória e estarão comigo para sempre e é de um autor que fez isso por mim que quero falar hoje.
Mas para que eu fale dele, tenho que falar um pouquinho da minha pré-adolescência.
Bom, eu sempre gostei de livros. Mesmo meus pais sendo pessoas humildes, sempre tinham um livro ou uma revista num canto para ler quando nós- os três filhos pestes- davam sossego. Lembro muito do meu pai lendo Harold Robbins, minha mãe Sidney Sheldon.
Então eu nunca reclamei quando tinha que ler algo para a escola, minha mãe sempre me ajudava e eu sempre fui boa em interpretação. Mas não era uma leitora voraz até que meus pais se separaram. Eu nunca vou dizer que isso foi traumatizante pra mim, mas nessas minhas caminhadas (caminhar e fazer academia te deixam com tempo demais pra pensar) percebi que comecei ler pra valer quando meus pais se separaram. Comecei pegar minha carteirinha da biblioteca e retirar três ou quatro livros por semana, às vezes duas vezes na mesma semana, e passava todo o meu tempo livre sentada em um barranco que tinha em frente de casa, lendo.
E eis que chego ao autor de quem eu queria falar, e que eu amo de paixão: Marcos Rey.
Minha irmã tinha uma amiga invisível quando era pequena, e eu tinha marcos Rey.
Edmundo Donato adotou o pseudônimo Marcos Rey, segundo ele, porque quando era pequeno queria ser rei.  Foi colunista da Veja, tradutor e (chique demais) escritor de pornochanchadas!
Mas o que eu amava no Marcos Rey eram os livros da coleção Vagalume. Ele escreveu vários livros para a coleção (aliás, li a coleção toda), mas os meus preferidos eram os que contavam as aventuras de Léo, Gino e Ângela. Léo era o menino trabalhador, Ângela a menina rica e Gino o gênio cadeirante. Eles moravam no Bixiga (eu até hoje sou encantada com o bairro) e combatiam criminosos!
O primeiro livro que li dele foi O Mistério do Cinco Estrelas. No Emperor Park Hotel Léo encontra o corpo de um estrangeiro e tem que descobrir com a ajuda dos amigos quem é o assassino.
Depois dessa aventura ainda vieram O rapto do Garoto de Ouro, Um cadáver ouve rádio e Um rosto no computador todos com a mesma turma. São livros divertidos, leves, mas com uma pontinha de sangue.
Quem quiser uma lista completa dos livros do Homem, acesse a Wiki e divirta-se.
Mas os infantis não foram os únicos livros de Marcos Rey que li. O romance que mais gostei dele (e um dos meus preferidos de todos os que li) é Café na cama. Conta a historia de uma moça em três partes. Quando ela é uma vendedora de loja assediada pelo patrão. Quando se torna prostituta e depois, apresentadora de TV. Gosto do livro por que ele é forte em muitos aspectos. A narrativa é ótima e profunda, você é capaz de entender todas as decisões de uma moça que sai da vida dura para se tornar garota de programa. O livro é genial!
Há também Memórias de um Gigolô, sobre um menino que é criado em um puteiro e depois de torna produto do seu meio. Poxa, quero fazer uma análise sociológica sobre esses dois livros um dia!
Há outras boas histórias, como A arca dos Marechais e Malditos paulistas. Enfim, uma infinidade de boa literatura em um autor brasileiro.
Agradeço ao Marcos Rey por ter sido meu amigo de infância e penso que um dia poderei fazer o mesmo por outras pessoas. Preencher um espacinho vazio dentro delas com meus escritos.
Em tempo: Marcos Rey morreu em 1999 e suas cinzas foram espalhadas de helicóptero por São Paulo. Fim digno de um grande contribuinte para a cultura da metrópole.

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