Fui muito resistente em começar ler As
crônicas de Gelo e Fogo, também conhecido, devido ao excelente seriado da
HBO como Game of Thrones.
Na verdade, não queria ler os livros por achar que o seriado estava de
bom tamanho, eu, a pessoa que NUNCA troca um livro pelo filme.
Várias pessoas me recomendaram começar ler as crônicas do escritor
George R.R. Martin e minha reação era sempre a mesma...”quando tiver tempo”.
Eis que as sagradas férias de fim de ano chegaram e eu deixei um monte
de livros importantes de lado para ler essa história medieval sobre vários clãs
tentando se infiltrar no poder dos Sete Reinos. Estou no começo do terceiro
livro e deixei de comer, dormir e me banhar nas águas quentes dos bosques
sagrados (sim, um certo exagero aqui) para curtir a história.
Ainda não tive saco para entrar nos fóruns na internet para descobrir o
que andam dizendo sobre essa história, e estou um pouco atrasada em relação aos
fãs da série, já que o 5º livro acabou de ser lançado e o 4º já chegou ao
Brasil, pelo menos em inglês...massssssss, estou muito impressionada com TUDO o
que o livro traz.
Quando era mais nova, uns 10 anos atrás, li uma coleção de um historiador
que escreveu sobre os reinos da Inglaterra e França como se as histórias fossem
romances (não lembro nome do puto agora). Passei a conhecer Ricardo, Coração de
Leão, João (esqueci o titulo, mas era um rei bem malvado), os reis Felipes da
França e todas as adoráveis rainhas e cortesãs.
Me impressionavam as histórias das sucessões reais, das intrigas entre
religião e política, das histórias de alcova, linhagens e afins. Também passei
a entender um pouco melhor as Cruzadas, de uma maneira bem diferente das aulas
de história (nada como nomes e rostos e sangue para fazer com que as coisas se
fixem na nossa mente).
Quando comecei ler as crônicas de Martin, me surpreendi com a forma como
a HBO tinha tratado bem os livros. A série é muito fiel em todos os aspectos,
sem fugir nunca do que está no livro. Claro que existem mais putas peladas na
série televisiva, mas a audiência clama por isso. Conversando com um amigo que também está
lendo os livros, comecei pensar nas comparações toscas que outras pessoas
fizeram dessa série com outros textos.
Claro que não poderiam deixar de cair nO Senhor dos Anéis.
Afinal de contas, a história de Martin é considerada uma história de
fantasia. Tem DRAGÕES nela!!!
Mas eu não acho que As Crônicas de
Gelo e Fogo têm semelhança com O
Senhor dos Anéis. A Guerra dos Tronos é uma história sobre guerras e
política. Sobre estratégias e espionagem. Sobre honra e amadurecimento. Uma história
de como meninos se tornam homens, e como uns podem enganar os outros, ou serem
enganados. É um texto admirável.
Símbolos de algumas casas do reino |
Antes de ler o primeiro livro da série, esperava uma história mediana e
fácil. Qual não foi a minha surpresa ao me deparar com um autor capaz de dar
vida a pelo menos 100 personagens atuantes no texto de desenvolver TODOS eles
de uma forma fenomenal? Cada personagem de Martin tem uma história, uma
personalidade e interesses próprios. Todos os nobres são ligados uns aos outros
por nascimento, casamento, vassalagem ou interesses comuns. Cada um deles tem
um papel importante na trama (e é isso que as Crônicas são, uma grande trama de
relações, passados e joguetes) e todos são essenciais.
Martin resolveu adotar pontos de vista de vários personagens, contando
suas histórias em capítulos com os seus nomes, o que dá uma certa segurança ao
leitor, para que o pobre não se perca nesse mar de nomes. Além das ligações
entre as personagens, com o tempo aparecem as outras, como o cavalheiro exilado
que é filho de um dos mestres da muralha que protegem o reino, ou os primos de
uma certa rainha que prestam vassalagem ao inimigo do rei. Eu tiro o chapéu
para Martin por conseguir colocar tudo isso em uma história fácil de entender e
com todas as tramas extremamente bem amarradas que não permitem nenhum fio
solto entre elas.
E o melhor. NENHUM dos personagens de Martin é óbvio. O leitor nunca
sabe o que qualquer um deles é capaz de fazer a seguir. Eles são os Sacos de
Ossos, os humanos de papel, mas são tão surpreendentes que eu, a leitora do terceiro
livro, ainda não consegui estar a frente do escritor uma única vez.
Por fim tenho que dizer que, há muitos anos, um livro não me surpreendia
assim. E embora eu considere As Crônicas
de Gelo e Fogo uma saga épica não fantástica, é fantástico como um texto
pode ser tão mágico com tão pouca magia dentro dele.
Em tempo: falarei sobre alguns personagens específicos em um post mais adiante
Realmente, o livro é bom. Eu me surpreendi ao começar a lê-lo graça a insistência dos amigos e, principalmente, a sua também. A ideia que eu fazia, antes de começar a leitura, era de algo mais fantasioso mesmo, no entanto para minha surpresa foi exatamente com você falou no post acima, o texto nos remete muito mais a guerra e a política do que a fantasia, pelo menos é o que eu pude observar até o primeiro livro que li até o presente momento. Contudo, isso não diminui a qualidade do trabalho de Martins, eu gostei e prefiro que seja assim mesmo. Muitos personagens fortes, não tem um único personagem principal e sim vários deles, dos quais não dá para saber também quais deles chegarão vivos ao final da trama. O author te surpreende o tempo todo.
ResponderExcluirAinda não conferi série, mas logo o farei. Sobre a comparação com O Senhor dos Anéis, eu acredito que seja, meramente, para divulgar o trabalho de Martin.
Aguardo seu próximo texto.
não vejo a hora de comprar o livro, mas tá demorando baratear.
ResponderExcluirHum... parece bem interessante.
ResponderExcluirAliás, creio que você já me falou sobre esse livro recentemente.
Cheguei mesmo a dar uma olhada nele na livraria e a me interessar... até a hora em que foi comparado com O Senhor dos Anéis. Aqui a coisa complicou legal, pois nada se compara a O Senhor dos Anéis, ainda que Harry Potter se aproxime bastante, e eu achei a comparação uma afronta. O Diógenes, no entanto, aplacou minha ira com a interessante afirmação de que tal comparação foi feita como um jogo comercial para promover o autor e a obra.
Lendo o seu post notei que o livro parece ser realmente bem interessante, algo diferente em relação ao domínio da magia que paira na ficção ocidental dos últimos 10 anos.
Gostei da idéia de se tratar de um épico e não de um texto de fantasia. Há tempos que algo desse tipo não é feito.
Já está na minha listinha de próximas leituras, depois de A Mão Esquerda de Deus, é claro... rsrsrsrsrsrs.
... sua descrição da obra de Martin é perfeita...
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