segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O nerd, o pop e a old-school


Esses dias alguém me chamou de nerd. Meus amigos realmente nerds hão de discordar disso! (primeiríssima vez na minha vida que escrevo a palavra hão).
Explico. A “nerdisse” exige uma característica que eu não tenho: envolvimento. Tipo, nerds cultuam certas coisas, e eu sou só saudosista. Acho que todo muito que foi muito feliz nos anos 80 tem um pouco de nerdisse embutida. Quem foi muito feliz trancado dentro de casa, como eu. A maioria das pessoas que eu conheço foram crianças que jogaram bola na rua, pularam elástico e talvez tiveram uma personalidade mais expansiva. Eu era quieta, minha mãe era rígida e eu cresci assistindo TV e jogando ATARI. Por isso minha paixão maligna pelo River Ride e pelo Lucas Silva e Silva. Isso não é ser nerd, meu amigo.
Eu tenho um bom gosto, só isso.
Posso recitar filmes da sessão da tarde, como já fiz aqui. Posso falar dos desenhos que passavam na época, e minha paixão pelo Donatelo...posso escrever uma dissertação sobre os brinquedos e doces da época. Lembram daquele chiclete Ploc que vinha com dois sabores? **


Essa semana começou uma movimentação muito bacana no Facebook. Dizem que é uma campanha pela não violência contra a criança. Eu digo que é um surto de nostalgia, ao qual aderi. Até agora troquei de avatar três vezes. Fui o Gorpo (o bem vence o mal, espanta o temporal). Fui o Darkwin Duck, o terror que voa na noite e agora sou a ladra Carmen San Diego. Fico pensando por que colocaram o nome da vilã como titulo do desenho...mas eu adorava!!! Ainda prefiro o Darkwin Duck, mas fiz uma concessão à um personagem feminino.
Bom, viajei.
Queria falar sobre essa onda nostálgica super legal que tomou conta do FB. Legal por que as pessoas aparentemente estão mais leves em relembrar uma época que foi mais fácil para a maioria. De verdade, vejo que todos estão escrevendo coisas mais fofas, as reclamações diminuíram e todos parecem estar fazendo duas coisas: se divertindo e mostrando o que conhecem. Um monte de gente pode se proclamar nerd por isso depois...hoje em dia existe um certo orgulho em assumir a nerdisse. Mas lembrem-se, crianças, não basta ser nerd, tem que ralar muito e enfrentar obstáculos para ser um Steve Jobs (que Deus o tenha). Ficar no PC, ver mangá e bater punheta não vai lhe render futuro nenhum.
Mas vamos falar de coisa boa, vamos falar de Top Therm.
Quando digo que me falta envolvimento, digo isso por que consigo ouvir meus amigos falando sobre campanhas de RPG que jogaram 10 anos atrás com brilhos nos olhos de lembrar que personagens interpretaram. Tipo, a última vez que eles começaram com o papo eu dormi! Ninguém nunca vai me ver brigando com ninguém por que acho Star Wars melhor ou pior que Star Trek (não vi nenhuma das duas, ponto a menos pra mim). Não vão me ouvir dizer o quanto o Marty Mcfly chutou o traseiro de todo mundo tocando Johnny B. Good.  Ok, isso vocês vão ouvir por que foi awesome. Nem vou falar que quase morri de ansiedade para ver Indiana Jones 4 (=[). Às vezes eu acho que mais que saudosista, sou só um moleque desajustado que nasceu menina por simples cretinice do acaso. Eu gosto de coisas que os meninos gostam. Isso não quer dizer que eu não brinquei de Barbie. Brinquei bastante. Mas eu sempre preferi o Lego. Também não quer dizer que não tive amigas...oh, wait! Só tive amigas a partir da sétima série. Antes eu subia nas árvores com os meninos!!

O negócio é o seguinte: meu amor pelos filmes dos anos ’80, pelos desenhos e jogos, meu amor pelO Senhor dos Anéis, Douglas Adams e companhia, meu conhecimento parco de Monkey Island, Travian e D&D são apenas coisinhas que fui absorvendo aqui e ali ao longo de 28 anos muito bem aproveitados em meio a pessoas que são nerds reais. Eu aprendi mexer no PC no Windows 95, sim, e daí? Isso não me faz nerd, me faz velha. Eu sou super fã do Super Mário, e não sou nerd, só tenho bom gosto. Se eu pudesse ter um carro, teria uma Delorian, se eu fosse um herói, queria ser um herói ninja, se eu quisesse ser um animal, seria um dragão. 

Mas eu não falo do Bilbo como se ele fosse um velho tio meu. Eu não andaria com um chicote na cintura, mas uso chapéus...(e casaria com o Indi), eu teria medo do Slot, não gostaria de ser amiga do Ford Prefect por que ele mete a gente em confusão (mas fiz parte de uma comunidade chamada Marvin me entenderia (depressiiiiiiiiiiiiva)), não faço parte do 4chan, não assisti 2girls1cup, não comeria a Liv Tyler (ou comeria?), curto estar no meio de pessoas, consigo passar uma semana sem computador, não sei o final de Lost, acho Big Bang Theory bobinho, e não sei nenhuma regra de RPG (mas meu amigo Jão me deu os dados!), não gosto de quase nada que venha do Japão (exceção para o pepino japonês), não joguei Magic (mas adoro Fiasco)...isso me faz nerd ou só alguém que viveu tempos mais interessantes?
Acho que posso me considerar alguém que gosta do pop. Do pop de bom gosto, das pessoas com senso de humor e um pouquinho mais de QI...mas só. Na verdade eu sou só um pouquinho louca. 


Esse post vai para: Wagner, Jão, Lari, Mário e especialmente Marcus, que vai no comigo no  Marty McFly Arrival Party 

2 comentários:

  1. Interessante! Agora eu percebi, depois de ler este texto, que eu, com absoluta certeza, não sou nerd. Ainda não atingi tal nível e ao que parece estou muito longe de alcançar o meu velho amigo Marcus, por exemplo. Não me prendo a tantos detalhes e nem possuo todo este conhecimento geral que você menciona, sequer sou saudosista, ou seja,não tenho cacife para me tornar um nerd, apesar de gostar de muita coisa que vem do Japão...

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  2. pepino japonês tem uma conotação sexual estranha. rs

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