sábado, 6 de julho de 2013

Desespero - Stephen King

Resolvi  reler Desespero depois que achei o pocket por 10 reais no Submarino.
Preço de banana, livro bacaninha, eu sem vontade de ter pensamentos sérios.
Reler King é legal por que não exige esforço intelectual. Nenhunzinho mesmo. É, tipo, você ver televisão.
Por outro lado, reler faz com que você ser concentre menos na história principal e mais nas nuances.
Isso me fez perceber que Desespero tem uma boa história a ser contada e nenhum detalhe significativo. É um dos meus livros favoritos de King, mas não deixa nada para o leitor resolver.
Ah, claro, temos a grande questão DEUS no livro. Mas nem ela pode ser muito explorada, porque não existe, na verdade, dúvidas sobre a existência de Deus para os leitores. Ele está lá. E está querendo algo.
Resuminho:
Um grupo de pessoas - entre elas um menino religioso e um escritor arrogante – são levados para a cidade de Desespero, no meio do deserto de nevada, e lá tem que enfrentar um demônio antigo, em favor de Deus.
O livro conta, basicamente, as maldades do demônio (sempre incorporado) e permeia a fé do menino (David) com a descrença do escrito (Johnny).
É um dos maiores livros de King, com quase 900 páginas e tem um ritmo alucinante, com personagens interessantes em seus anseios NO PRESENTE, mas apenas os dois principais são bem construídos o suficiente para serem dignos de nota. A impressão que dá é que os outros personagens foram apenas jogados lá para fazer volume e cumprir tarefinhas bobas.
King mexe muito com a maneira como as pessoas observam a fé do próximo, no que as pessoas acreditam (ou não) e como elas lidam com o inexplicável.
David é um “tocado por Deus” e até realiza a multiplicação do pão e do peixe na história.
Até começar escrever essa resenha, achava o livro o máximo, mas agora estou com sérias dúvidas sobre o que achar dele, do ponto de vista de não haver, realmente, uma grande história, como é o caso de Buick 8, que descrevi no blog  no mês passado.
A própria conquista da fé é estranha, e se dá depois de muitas provas desnecessárias.
Acho que King falhou em sua tentativa de utilizar a fé como recurso, e também faltou um pouco de conhecimento “jogado na cara do fiel leitor” em relação à bíblia. Ele poderia ter abusado mais disso.
Na verdade, pensando agora, acho que King só usou o livro para fazer uma descrição dele mesmo (no caso de ele não ter tido a coragem de largar as drogas e bebida a tempo). O livro é sobre King (ou John Marinville) e como ele deve ter se visto quando mais alucinado pelo sucesso.
Se você, fiel leitor, me perguntasse sobre o que esse livro é há 10 minutos, eu diria que era sobre Deus e fé, mas agora acho que é um autorretrato.
Por fim, como sou uma pessoa com as ideias viajadas, não posso deixar de dizer que tive longos pensamentos sobre a existência e utilidade de Deus depois de acompanhar a saga de David pela fé que ele adquiriu.
Tenho pensamentos originais - que não estavam na minha cabeça uma semana antes – sobre o que é e o que faz Deus. Mas isso veio depois que terminei o livro, o coloquei de lado e me perguntei: “acabou?”.
Agora estou a fim de reler Os Justiceiros, para ver o que consigo tirar de lá. Acho, só acho, que vou gostar mais dele.
Só uma coisa é digna de nota em Desespero: Tak. O demônio, ou fumaça, ou vibe ruim (ninguém sabe) foi desenterrado da Mina do China e tem uma coisa nele que gosto muito, ele não se preocupa. Ele não tem planos. Ele quer somente possuir alguém, matar, comer e fazer tudo de novo. Ele não se preocupa em trazer amigos, fechar portais, bajular um chefe. Tak é só energia ruim e instinto. A nêmese de Deus é o irracional. A fome. O sangue. E o medo.

Desespero: Recomendo a leitura, é muitíssimo divertido. Mas não releia. Não vale o esforço.

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