sexta-feira, 19 de outubro de 2012

American Horror Story - Asylum


                 


Hoje assisti o primeiro episodio da segunda temporada de American Horror Story. O subtítulo é Asylum e a história se passa, hoje e antigamente, em um hospício.
                Há todo aquele clichê sobre o hospício mal assombrado, com médicos torturadores e etecetera (o que me lembrou muito o Kingdom Hospital), mas há coisas por trás do terror, que são muito mais interessantes. E assustadoras. Já no primeiro episódio vemos três dessas realidades fantásticas pelas quais o mundo passou – e ainda passa – e que me deixam de boca aberta.
                A primeira é a união de um casal interracial. O ano é 1964 e o casal – casado – esconde o relacionamento de todos por medo das represálias que podem sofrer. O homem é branco e a mulher negra, e quando ele sai para trabalhar, a pedido dela, tira a aliança. Também esconde uma arma debaixo da cama como quem espera problemas com aquela união, embora eles pareçam se amar de verdade. Isso me traz a mente tudo o que já ouvi dizer sobre negros versus brancos nos EUA. Embora o racismo exista no Brasil, não consigo sequer imaginar a história de banheiros, ônibus, escolas e bebedouros separados por que uma pessoa é branca ou negra. Embora o Censo tenha liberado a informação de que os casamentos com pessoas da mesma raça sejam mais comuns do que os inter-raciais no Brasil, quando essas relações acontecem, não são nenhum pouco estranhas. Nos EUA isso ainda é um escândalo em alguns lugares. Como poderia não ser em ’64?
                Outro casal em Asylum que causa polêmica é um casal de lésbicas. Também na mesma época, duas jovens que moram juntas. Uma é repórter e outra é professora de crianças. Interessante ver que, por um motivo que está explicado no episodio, a situação de romance das duas chega perto de ser revelado. A professora é ameaçada com o segredo, dizendo que dar educação para crianças é uma coisa moral e que, se soubessem sobre sua “perversão” ela nunca mais entraria numa sala de aula. É de se pensar. Não duvido que uma coisa do tipo aconteça hoje em dia...
                Mas o mais impressionante é o manicômio em si. E os tratamentos. O hospício é dirigido por uma freira (que tem sua própria historinha libertina) que é rígida e faz as coisas em “nome de Deus”. Diz que as doenças mentais são desculpas para os pecados e trata os pacientes com rigidez espancamento e remédios. Uma pessoa que entra no hospício é louca. Sem tratamento para sua doença, mas sim para seu pecado. Se ela não é louca, logo ficará. Temos, sim, o doutor. Mas ele trabalha quietinho, em um quartinho separado, fazendo experiências com cérebros.
                Não sei se vou terminar de ver a série. Não consegui ver a primeira temporada muita angustiante. Mas tenho a dizer que se você retira a capa de sangue monstros e fantasmas, o que sobra e a crueldade pura que as pessoas são capazes (sentem prazer?) em cometer. Em nome da moral, dos bons costumes, e da religião. 

Um comentário:

  1. Parece muito bom para quem gosta do estilo. Faz muitas referências ao gênero e tudo mais, porém o abala é a insanidade humana. Acho que nada mais nos inquieta do que ver o que o ser humano é capaz de fazer com o seu semelhante.

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