Hoje assisti o primeiro episodio
da segunda temporada de American Horror Story. O subtítulo é Asylum e a
história se passa, hoje e antigamente, em um hospício.
Há
todo aquele clichê sobre o hospício mal assombrado, com médicos torturadores e
etecetera (o que me lembrou muito o Kingdom Hospital), mas há coisas por trás
do terror, que são muito mais interessantes. E assustadoras. Já no primeiro episódio
vemos três dessas realidades fantásticas pelas quais o mundo passou – e ainda
passa – e que me deixam de boca aberta.
A
primeira é a união de um casal interracial. O ano é 1964 e o casal – casado –
esconde o relacionamento de todos por medo das represálias que podem sofrer. O homem
é branco e a mulher negra, e quando ele sai para trabalhar, a pedido dela, tira
a aliança. Também esconde uma arma debaixo da cama como quem espera problemas
com aquela união, embora eles pareçam se amar de verdade. Isso me traz a mente
tudo o que já ouvi dizer sobre negros versus brancos nos EUA. Embora o racismo
exista no Brasil, não consigo sequer imaginar a história de banheiros, ônibus,
escolas e bebedouros separados por que uma pessoa é branca ou negra. Embora o
Censo tenha liberado a informação de que os casamentos com pessoas da mesma
raça sejam mais comuns do que os inter-raciais no Brasil, quando essas relações
acontecem, não são nenhum pouco estranhas. Nos EUA isso ainda é um escândalo em
alguns lugares. Como poderia não ser em ’64?
Outro
casal em Asylum que causa polêmica é um casal de lésbicas. Também na mesma
época, duas jovens que moram juntas. Uma é repórter e outra é professora de
crianças. Interessante ver que, por um motivo que está explicado no episodio, a
situação de romance das duas chega perto de ser revelado. A professora é ameaçada
com o segredo, dizendo que dar educação para crianças é uma coisa moral e que,
se soubessem sobre sua “perversão” ela nunca mais entraria numa sala de aula. É
de se pensar. Não duvido que uma coisa do tipo aconteça hoje em dia...
Mas
o mais impressionante é o manicômio em si. E os tratamentos. O hospício é
dirigido por uma freira (que tem sua própria historinha libertina) que é rígida
e faz as coisas em “nome de Deus”. Diz que as doenças mentais são desculpas
para os pecados e trata os pacientes com rigidez espancamento e remédios. Uma pessoa
que entra no hospício é louca. Sem tratamento para sua doença, mas sim para seu
pecado. Se ela não é louca, logo ficará. Temos, sim, o doutor. Mas ele trabalha
quietinho, em um quartinho separado, fazendo experiências com cérebros.
Não
sei se vou terminar de ver a série. Não consegui ver a primeira temporada muita
angustiante. Mas tenho a dizer que se você retira a capa de sangue monstros e
fantasmas, o que sobra e a crueldade pura que as pessoas são capazes (sentem
prazer?) em cometer. Em nome da moral, dos bons costumes, e da religião.
Parece muito bom para quem gosta do estilo. Faz muitas referências ao gênero e tudo mais, porém o abala é a insanidade humana. Acho que nada mais nos inquieta do que ver o que o ser humano é capaz de fazer com o seu semelhante.
ResponderExcluir